Hoje trago outra música cantada pela Adriana. Já a pudémos ouvir cantada AQUI (aos 7:20) pela Nara Leão e por Raimundo Fagner. Nesta versão da Adriana o poema aparece completo e no fim escutamos uma interrogação que diz respeito a todas as canções, a todas as expressões humanas possuidas pelo belo: traduzir uma parte noutra... será arte?
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
alomoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?
(Ferreira Gullar)
segunda-feira, 16 de março de 2009
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