terça-feira, 21 de abril de 2009

Ney Matogrosso - Rosa de Hiroshima

Outro dia estive numa conferência em que os conferencistas tinham estado em Hiroshima num museu sobre este acontecimento. Contavam eles que o silêncio se instala entre todos os visitantes e que à saída há um sentimento que se exprime numa interrogação comum: como foi possível que seres humanos tenham feito isto?
Faz parte das coisas do museu um poema inacabado, de alguém que se levantou cedo para escrever poesia e que durante o poema...

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada
(Vinícius de Moraes/Gerson Conrad)

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