segunda-feira, 13 de abril de 2009

Caetano Veloso - Poema Padrão

Mais uma descoberta: um poema de Fernando Pessoa com uma música do Caetano. É bom ler ou ouvir palavras assim num tempo de crise que antes de ser económica será uma crise humana. E é bom porque se o nosso ser acompanha o nosso pensar, então pensando realidades maiores seremos melhores.

 Caetano Veloso - Poema Padrão


O esforço é grande e o homem é pequeno
Eu, Diogo Cão, navegador, deixei
este padrão ao pé do areal moreno
e para deante naveguei.

A alma é divina e a obra é imperfeita.
Este padrão signala ao vento e aos céus
Que, da obra ousada, é minha a parte feita:
O por fazer é só com Deus.

E ao immenso e possível oceano
Ensinam estas quinas, que aqui vês,
Que o mar com fim será grego ou romano:
O mar sem fim é portuguez.

E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar.
(Fernando Pessoa)

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