terça-feira, 31 de março de 2009

Marisa Monte e Carlinhos Brown - Magamalabares

Até chegarem os Tribalistas, Carlinhos Brown permaneceu-me como apenas mais um nome na música brasileira. Depois fui descobrindo músicas e fui gostando.
Esta música evocou-me o eco da transcendência na imanência. A capacidade humana de escolher entre todas as coisas do universo, organiza-las, harmoniza-las e recria-las numa profusão de ideias, sons e muitíssimas coisas de todas as artes.

Magamalabares
Acqua Marã
No parquinho oxáiê
Quem esteve aqui 
viu barquinhos de gazeta
Ancorar no mistério
Notas musicais
Dentre bolas de sabão
que de nossas serenatas vieram
Flores que ofertamos
e que nunca morrerão
em vasos e jarros se bronzeiam

Os anjos de onde vem sua vida bem-vinda na trilha
Os livros não são sinceros 
Quem tem Deus como império
No mundo não está sozinho
Ouvindo sininhos
(Carlinhos Brown)

segunda-feira, 30 de março de 2009

Marisa Monte - Rosa


E um belo dia lá me emprestaram uma cassete com músicas da Marisa. Tinha gravado o álbum Marisa Monte do qual não me agradei por aí além. Tirando o Xote das Meninas que passava a toda a hora em todas as rádios, as outras, quase metade em inglês, não me brilharam.
Mas depois vieram os novos discos e acabei por ser um grande fã. Já me recordo de ouvir vezes sem fim este tema Rosa. Uma letra e uma música muito únicas, em que o poema possui vocábulos incríveis e a melodia é cheia de modulações doces.
Acredito que as versões antigas não me soem da mesma maneira do que na forma e na voz da Marisa. É um dos mistérios das canções: reencarnam em              Marisa Monte          formas, em pessoas e em nós.

Aqui pode-se escutar a versão de estúdio e no vídeo uma versão ao vivo (truncada), em que a Marisa canta, dramatiza e mostra-se diva.

 Marisa Monte (Pixinguinha / Otávio Souza) - Rosa


Tu és, divina e graciosa
Estátua majestosa do Amor
Por Deus esculturada
E formada com ardor
Da alma da mais linda flor
De mais ativo olor
Que na vida é preferida pelo beija-flor     
Se Deus me fora tão clemente
Aqui neste ambiente de luz
Formada numa tela deslumbrante e bela
Teu coração junto ao meu lanceado
Pregado e crucificado sobre a rosea cruz
Do arfante peito teu
Tu és a forma ideal
Estátua magistral Oh alma perenal
Do meu primeiro amor, Sublime amor
Tu és de Deus a soberana flor
Tu és de Deus a criação
Que em todo coração Sepultas um amor
O riso, a fé, a dor
Em sândalos olentes cheios de sabor
Em vozes tão dolentes como um sonho em flor
És láctea estrela
És mãe da realeza
És tudo enfim que tem de belo
Em todo o resplendor da Santa Natureza
Perdão, se ouso confessar-te
Eu hei de sempre amar-te
Oh! flor meu peito não resiste
Oh! meu Deus o quanto é triste
A incerteza de um amor
Que mais me faz penar em esperar
Em conduzir-te um dia
ao pé do altar
Jurar, aos pés do onipotente
Em preces comoventes de dor
E receber a unção de tua gratidão
Depois de remir meus desejos
Em nuvens de beijos  
Hei de envolver-te até meu padecer   
De todo fenecer
(Pixinguinha/Otávio de Souza)

sábado, 28 de março de 2009

Chico Buarque - Você, Você

Além de canções no feminino, Chico Buarque fez também canções no... infantil.
Mas não é uma canção para crianças. A letra, do Chico, é um ponto de vista de criança no qual um adulto se coloca. A música, de Guinga, é difícil e algo triste, em tons menores, mas o acorde final é maior no regresso da mãe.


Tom Jobim e Maria Luiza - Samba de Maria Luiza

De Tom para a filha e com ela. Um mimo.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Chico César - Por Que Você Não Vem Morar Comigo?

Hoje escolho a dissertação de uma tese sobre os efeitos do amor na amizade e desta no amor :) Uma longa letra mas muito sentida. Quase não sei nada do Chico César mas esta frase é de génio: "Não ligo, Se é caretice ou romantismo brega".

 Chico César - Por Que Você Não Vem Morar Comigo?


Por que você não vem morar comigo
Alimentar meu cão, meu ego
Cansei de ser assim, colega
Não sei mais ser só seu amigo

Eu quero agora ser o seu amado
Você me deixa a perigo
O amor me corta feito adaga
Mas vem você e afaga
Com afeto tão antigo

Você não leva a sério o que eu digo
E enche a taça que me embriaga
Me prega em cruz feito Jesus de Praga
Mas sempre me defende e compra minhas brigas

Não ligo
Se é amor ou amizade vaga
Dizem que o amor a amizade estraga
E esta a este tira-lhe o vigor

Não ligo
Se é caretice ou romantismo brega
Um dia em mim essa aflição sossega
More comigo e traga o seu amor

Adoro o jeito que você me pega
Me chama de meu nego, minha nega
E quando me abraça e eu me entrego
Vem você e diz cuidado com esse apego

Amigos falam que esse mico eu pago
Pois mudo logo quando você chega
E acende a luz, mas essa luz me cega
E abre em rosa a pedra que no peito eu trago
(Chico César)

quarta-feira, 25 de março de 2009

Adriana Calcanhotto - Naquela Estação

Não gosto de canções tristes sobretudo se são daquelas que puxam para baixo. Para isso já nos chega a acção da gravidade.
Mas se elas forem excessivamente belas, na letra, na música ou na interpretação é claro que não posso deixar de gostar muito porque esse excesso ofusca essa tristeza.

Encontrei esta ontem e gostei muito da voz, do poema e dos arranjos. E só hoje é que descobri que o Caetano faz parte dos autores. Eu logo vi (mentira).

 Adriana Calcanhoto - Naquela Estação


Você entrou no trem
E eu na estação
Vendo um céu fugir
Também, não dava mais para tentar
Lhe convencer a não partir

E agora, tudo bem
Você partiu
Para ver outras paisagens
E o meu coração embora
Finja fazer mil viagens
Fica batendo parado
Naquela estação
(João Donato/Caetano Veloso/Ronaldo Bastos)

terça-feira, 24 de março de 2009

Caetano Veloso/João Gilberto - Eu e a Brisa

Considero esta canção como uma das mais belas de entre todas as que conheço. Pelo poema que é fabuloso, pela melodia linda e singular e ainda pela conjugação letra/música que é de uma adequação perfeita.
Um aspecto estranho na forma do poema é que as rimas parecem estar dissimuladas, de tal modo que fico com a impressão que, por pouco, elas não existem.
Esta arte deve-se a Johnny Alf e "Eu e a Brisa" é provavelmente o seu maior sucesso.
A primeira vez que a escutei foi cantada por João Gilberto mas numa versão mais rápida do que esta aqui (cliquem Play no Blip) que não me agrada tanto. Prefiro a versão do Caetano no vídeo.


Ah, se a juventude que esta brisa canta
Ficasse aqui comigo mais um pouco
Eu poderia esquecer a dor
De ser tão só pra ser um sonho
Daí então quem sabe alguém chegasse
Buscando um sonho em forma de desejo
Felicidade então pra nós seria
E, depois que a tarde nos trouxesse a lua
Se o amor chegasse eu não resistiria
E a madrugada acalentaria a nossa paz
Fica, ó brisa fica pois talvez quem sabe
O inesperado faça uma surpresa
E traga alguém que queira te escutar
E junto a mim queira ficar
(Johnny Alf)

Tom Jobim e Chico Buarque - Falando de Amor

Chico conta como fez as letras.
Chico canta com Tom Jobim.
Ambos cantam Falando... de Amor

segunda-feira, 23 de março de 2009

Tom Jobim e Chico Buarque - Anos Dourados

Tom Jobim foi considerado um dos melhores compositores do mundo da segunda metade do Séc. XX. Nesta música percebemos porquê. Chico Buarque tem aqui uma das suas melhores letras no feminino, em que a construção de certas frases revela ambiguidade de sentimentos, como se os mesmos passos afastassem e aproximassem. Maravilhosa.

Parece que dizes
Te amo, Maria
Na fotografia
Estamos felizes
Te ligo afobada
E deixo confissões
No gravador
Vai ser engraçado
Se tens um novo amor
Me vejo a teu lado
Te amo?
Não lembro
Parece Dezembro
De um ano dourado
Parece bolero
Te quero, te quero
Dizer que não quero
Teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais

Não sei se eu ainda
Te esqueço de fato
No nosso retrato
Pareço tão linda
Te ligo ofegante
E digo confusões no gravador
E desconcertante
Rever o grande amor
Meus olhos molhados
Insanos, Dezembros
Mas quando me lembro
São anos dourados
Ainda te quero
Bolero, nossos versos são banais
Mas como eu espero
Teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais
(Chico Buarque)

sábado, 21 de março de 2009

Carol Welsman e Djavan - Oceano

Cordas vocais, cordas de piano, cordas de guitarra, um pouco de poesia, outro de melodia e eis-nos na magia do Oceano.

Assim
Que o dia amanheceu
Lá no mar alto da paixão,
Dava pra ver o tempo ruir
Cadê você?
Que solidão!
Esquecerá de mim?

Enfim,
De tudo o que
Há na terra
Não há nada em lugar
Nenhum!
Que vá crescer
Sem você chegar
Longe de ti
Tudo parou
Ninguém sabe
O que eu sofri...

Amar é um deserto
E seus temores
Vida que vai na sela
Dessas dores
Não sabe voltar
Me dá teu calor...

Vem me fazer feliz
Porque eu te amo
Você deságua em mim
E eu oceano
E esqueço que amar
É quase uma dor...

Só sei viver
Se for por você!
(Djavan)

Adriana Calcanhotto e Jards Macalé
Anjo Exterminado

Hoje descobri um site com músicas chamado MP3Tube. E descobri outro compositor: Jards Macalé. E uma nova canção.

Cliquem no Play e curtam.

 Adriana Calcanhotto - Anjo Exterminado


Quando você passa três, quatro dias desaparecida
Eu me queimo num fogo louco de paixão
Ou você faz de mim alto-relevo no seu coração
Ou não vou mais topar ficar deitado
Um moço solitário, poeta benquisto
Até você tornar doente, cansada, acabada
Das curtições otárias

Quando você passa três, quatro dias desaparecida
Eu subo desço, desço subo escadas
Apago acendo a luz do quarto
Fecho abro janelas sobre a Guanabara
Já não penso mais em nada
Meu olhar vara vasculha a madrugada
Anjo exterminado
Olho o relógio iluminado anúncios luminosos
Luzes da cidade, estrelas do céu
Eu me queimo num fogo louco de paixão
Anjo abatido
Planejo lhe abandonar
Pois sei que você acaba sempre por tornar ao meu lar
Mesmo porque não tem outro lugar onde parar
(Jards Macalé e Waly Salomão)

Mart'nália - Entretanto

Esta mulher é um show num show. Reparem nas mãos dela enquanto canta.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Gal Costa - Voyeur

Acabada de pescar. Uma música para nos tirar do sofá ou da secretária do PC e nos lançar a dançar pela sala.

Voyeur,
Eu vou seguindo você,
Na sua dança, na sua leveza;
Estender
Meus olhos sobre você,
E assim vou descobrindo a beleza;
Colher,
No meu cantinho de terra,
A flor que nasceu por você.
Vem ver
Meu coração bater por você.

Arder
No poro, no pelo, na pele
De tudo que saia da sua presença;
Doer,
Se não responde ao recado,
Se não me dá sua correspondência.
Quem lê
No meu mais íntimo plano
Onde é que se esconde você,
Vai ver
Meu coração bater por você.

Vem ver, vem ver
Meu coração bater por você.

Vem me dar carinho,
Vem fazer lelê,
Vem me dar um cafuné,
Me fazer um chazinho.
Corda que amarrou, cobra que picou,
Sede não secou, alma desandou.
E leia na minha mão
O seu nome na linha da vida
Que corre atrás de você.

Vem ver, vem ver
Meu coração bater por você.
(Péri)

quarta-feira, 18 de março de 2009

Mart'nália e Djavan - Celeuma

Hoje é dia de continuar com Mart'nália e de iniciar Djavan por estas bandas.
De Mart'nália eu nunca diria que a pessoa tão cómica que cantou com o Chico Buarque AQUI teria depois uma postura tão adequada ao tema Celeuma com Djavan.
De Djavan, ele é mais do que conhecido. É esse grande artífice da nossa língua. Escolhe termos menos usuais mas de grande sabor poético. Para não falar das imagens por onde nos leva. Como compositor, cada música tem uma identidade distinta e única.
Para mim Djavan tem músicas que não me canso de ouvir e outras que me soam algo monótonas.

CELEUMA

Não me deixe sem me ouvir falar
não me faça um troço desse
depois não adianta mãe pra ajudar
é bronca pra ninguém resolver
sem você seria pobre e infeliz
e essa tal eu mal conheço
pois nem que eu estivesse fora de mim
jamais iria com essa aí
por um nada você paga
e quem acaba no sal sou eu
sai comprando sem olhar
o que essa gente quer vender
encrencado, acusado
por uma falta que não condiz
eu prefiro morrer
a dar ouvido a celeuma
e lhe perder
(Djavan)

terça-feira, 17 de março de 2009

Chico Buarque e Mart'nália - Sem Compromisso

Só dei com Mart'nália há meses. Não conhecia. É filha de Martinho da Vila e em palco é do melhor. Não tirei os olhos dela. Nem digo mais nada, vejam, vejam...

segunda-feira, 16 de março de 2009

Adriana Calcanhotto - Traduzir-se

Hoje trago outra música cantada pela Adriana. Já a pudémos ouvir cantada AQUI (aos 7:20) pela Nara Leão e por Raimundo Fagner. Nesta versão da Adriana o poema aparece completo e no fim escutamos uma interrogação que diz respeito a todas as canções, a todas as expressões humanas possuidas pelo belo: traduzir uma parte noutra... será arte?

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
alomoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?
(Ferreira Gullar)

quinta-feira, 12 de março de 2009

Adriana Calcanhotto - Vidas Inteiras

Acabo de descobrir uma música nova para mim. Quentinha porque acabada de sair das minhas... emoções a quente: Vidas Inteiras (Banda sonora do filme Polaróides Urbanas).

Não gostei das primeiras músicas que escutei da Adriana, no Público (2000). Foram-me indigestas. Pareciam-me uma coisa só pretensiosa. Mas felizmente com os CDs subsequentes passou-me a indigestão. Mais tarde até comprei o DVD. E agora não passo sem a voz, a poesia e a inovação adriânica :)

Escutem e leiam:

Não seja por isso
Eu não tenho pressa
Eu posso esperar vidas inteiras
Mas tenha a certeza de que lhe interessa
Deixar escapar o ouro do agora
Para que não seja numa tarde dessas
Tarde demais

Não seja por isso
Eu não tenho pressa
Eu posso esperar vidas inteiras
Mas tenha a certeza de que lhe interessa
Deixar escapar o ouro do agora
Para que não seja qualquer tarde dessas
Tarde demais
(Adriana Calcanhotto)

quarta-feira, 11 de março de 2009

Beth Carvalho, Bethânia e Caetano - De Manhã

De Beth Carvalho só conheço ainda o nome. Mas como já "apresentei" a Bethânia e o Caetano aqui no blogue e como este vídeo é demais não resisto a colocá-lo nem resisto à felicidade contagiante dos cantores, às vozes, à música, à poesia, ao tema da canção, nem à presença de Dona Canô na plateia.

É de manhã
É de madrugada, é de manhã
Não sei mais de nada, é de manhã
Vou ver meu amor

É de manhã
Vou ver minha amada, é de manhã
Flor da madrugada, é de manhã
Vou ver minha flor

Vou pela estrada
E cada estrela é uma flor

Mas a flor amada é mais que a madrugada
E foi por ela que o galo cocorocô...
(Caetano Veloso)

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A estrela d'alva me acompanha
iluminando o meu caminho
Eu sei que não estou sozinho
pois tem alguém que está pensando em mim.
(Dorival Caymmi)

terça-feira, 10 de março de 2009

Baby Consuelo - Menino do Rio

E um dia aconteceu Caetano Veloso, o cantor que mais me marcou e com o qual me identifico mais. Tal como com a Maria Bethânia, não me recordo nitidamente quais as primeiras músicas que escutei cantadas por ele. No genérico da telenovela Água Viva ouvi a canção Menino do Rio na interpretação de Baby Consuelo (mas não sabia ainda que a música era dele).

Recordo-me de ver uns cartazes por todo o lado a anunciar um concerto dele no Coliseu dos Recreios.

Noutros posts voltarei a falar de Baby Consuelo, nos Novos Bahianos.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Maria Bethânia - Olhos nos Olhos

Pois não me recordo de quais as primeiras músicas da Maria Bethânia que ouvi na vida. Talvez ainda me venha a recordar por alguma associação de ideias inesperada. As que me recordo passavam nas telenovelas brasileiras e a música "Olhos nos Olhos" estava numa delas.

Da Bethânia hoje basta-me ouvi-la, não preciso acrescentar nada.

domingo, 8 de março de 2009

Chico Buarque: Canções no Feminino

NESTE Post eu disse que o Chico Buarque era um grande entendedor da mulher. Mas acabo de descobrir um video em que ele, em Paris, diz coisas interessantíssimas sobre a Mulher (aos 04:53 seg.). A dada altura diz o seguinte "eu me considero um grande desconhecedor da alma feminina ao contrário do que se fala (...) por causa das canções".
Diz também que se considera um "vedor" da Mulher. Ora este termo Vedoris (Vedor em latim) foi precisamente o que eu escolhi há muitos anos para me identificar na net. Nunca tinha pensado nesta escolha nesta perspectiva mas, por acaso, também pode fazer esse sentido.

Nestes videos, Chico, Caetano e Nara Leão, entre outros cantam canções no feminino. Que a Mulher goste.






















Elis Regina - Upa Neguinho

Hoje trago Elis Regina. Quanta honra.
Dentre as músicas que me recordo dela, esta deve ser a primeira que escutei. Na telefonia, claro está. Teria entre 4 a 6 anos. Mais de metade da letra passava-me ao lado mas lembro-me de gostar de imaginar um "upaneguinho" a dar os primeiros passos.

E esta a seguir, se ma contassem, eu não acreditava: acabo de descobrir que o autor é o actor Gianfrancesco Guarnieri, italiano, que entrou em imensas telenovelas brasileiras. Que coisa incrível. Vejam a foto com os vossos próprios olhos e leiam AQUI uma análise ao poema que Edu Lobo musicou.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Nara Leão - Morena do Mar

Hoje trago aqui uma canção que me é novidade.
Letra simples, uma melodia bem linda e tudo com a voz suave da Nara Leão.
O autor é Dorival Caymmi.
E fico com mais vontade de ir à pesca de outros sons assim, no Atlântico.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Gal Costa - Trem das 11

Um dia o meu tio emprestou-me uma cassete áudio, daquelas que havia de 90 minutos, cheia de MPB. E foi assim que aprendi o Trem das 11. Um clássico. Em todas as versões o público tem que cantar a sua parte e acaba tudo numa grande festa.

A primeira versão que eu ouvi era bem mais rápida do que esta do vídeo. Veja-se a diferença: uma tem 5 minutos e esta no vídeo abaixo, provavelmente mais antiga, vai aos 7 e 27 segundos e pelo corte parece que ainda não iria acabar.

E quem é que fez esta canção em 1964? Sabem? Nem eu: Adoniran Barbosa. Que afinal nem se chamava assim, mas cantava ASSIM.

Minhas senhoras e meus senhores: GAL COSTA!

terça-feira, 3 de março de 2009

Chico Buarque - Tanto Amar

Sem dúvida que este homem é um grande
...entendedor da Mulher,
...poeta
e compositor.

Esta canção acalentou alguns dos meus sonhos de amor juvenis.

Amo tanto e de tanto amar
Acho que ela é bonita
Tem um olho sempre a boiar
E outro que agita

Tem um olho que não está
Meus olhares evita
E outro olho a me arregalar
Sua pepita

A metade do seu olhar
Está chamando pra luta, aflita
E metade quer madrugar
Na bodeguita

Se os seus olhos eu for cantar
Um seu olho me atura
E outro olho vai desmanchar
Toda a pintura

Ela pode rodopiar
E mudar de figura
A paloma do seu mirar
Virar miúra

É na soma do seu olhar
Que eu vou me conhecer inteiro
Se nasci pra enfrentar o mar
Ou faroleiro

Amo tanto e de tanto amar
Acho que ela acredita
Tem um olho a pestanejar
E outro me fita

Suas pernas vão me enroscar
Num balé esquisito
Seus dois olhos vão se encontrar
No infinito

Amo tanto e de tanto amar
Em Manágua temos um chico
Já pensamos em nos casar
Em Porto Rico

segunda-feira, 2 de março de 2009

Gal Costa - Volta

Quantas noites não durmo,
A rolar-me na cama
A sentir tantas coisas
Que a gente não pode explicar quando ama
O calor das cobertas
Não me aquece direito
Não há nada no mundo
Que possa afastar esse frio do meu peito
Volta
Vem viver outra vez ao meu lado
Não consigo dormir sem teu braço
Pois meu corpo está acostumado
Volta
Vem viver outra vez ao meu lado
Não consigo dormir sem teu braço
Pois meu corpo está acostumado
(Lupicínio Rodrigues)

Depois de escutar uma canção destas, criada e cantada na língua que eu falo, sinto muito pouca necessidade de escutar outras só porque elas pertencem a uma língua e cultura "dominantes".

Lupicínio Rodrigues é uma descoberta recente. As versões originais não me seduzem muito mas as versões "modernizadas", com esta na voz e na pessoa da Gal Costa, são arrebatadoras. Já escutei outras pelo Caetano e são igualmente lindíssimas. A beleza dos poemas talvez resida no facto de os seus poemas partirem de histórias da sua vida.